quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Acéfalos Sugestionáveis

É bem isso que quero falar, mesmo. Pa b enten me pa bas.

Faz um mês, fiz uma experiência meio doida no Twitter: saí adicionando todo mundo que via pela frente.
Sugestões do Twitter, amigos dos amigos, pessoas "retuitadas" e mencionadas...

Sem critérios.

Depois de triplicar as pessoas que seguia, cansei e comecei a avaliar a experiência.

Bem, dos quase 400 seguidos, a gigantesca maioria não twitta, ou twitta muito pouco.
Arrisco que uns 200 estão nessa categoria, pelo menos.

Então, tenho os que chamo de "retardados do Twitter".
Esse são os que falam as trivialidades do dia-a-dia.
"Meu cabelo está difícil de pentear"
"Vou dormir"
"Vou comer"
etc...

Depois, tem os "fofoqueiros".
Postam toneladas de mensagens que eu mesmo poderia ver em qualquer site de notícias.
A maioria, sobre "celebridades" e idiotices em geral.

Os "Repórteres" são os que postam a mesma tonelada de notícias, mas que, pelo menos, têm alguma importância.
Ex-Governador, Germano Rigotto, é um desses, por exemplo.

Os "Tagarelas" que acham que o Twitter é um canal de bate-papo ou MSN...

Tem os "Engraçadinhos" que só usam o twitter para piadas.

Depois, o pessoal em que estou inserido, que, além de dar alguma notícia, se preocupam em dar suas opiniões a respeito das coisas.
São os "Achistas", como eu os imagino.

Por fim, o menor grupo de todos, os que conseguem transcender todos os demais e geram conteúdo, geralmente unindo notícias com opiniões diversas. Sim, em menos de 140 caracteres...
São os "Linkadores" como denomino-os.

Bem, algumas surpresas agradáveis apareceram no Twitter, pessoas que realmente estou gostando de ler e seguir.

Em determinado momento, por exemplo, cheguei à conclusão que mulheres dominavam meu top-10 de melhores twittadores e de piores, ao mesmo tempo!
Eram 7 nos 10 melhores... e 10 nos 10 piores!

Porém, na última semana, depois de avaliar um pouco o "conteúdo" dos novos seguidos, passei a ver tanta, mas tanta porcaria sendo escrita que passei a dar unfollow em alguns retardados.

E - pasmem - a maioria dos unfollow foi - justamente - em pessoas com um perfil parecido.
Mulheres, menos de 20 anos, fúteis, extremamente feministas e intolerantes.
Mas o que mais me deixou indignado e me motivou a escrever hoje, foi um rapaz.

O infeliz (lógico que NÃO vou publicar o seu nome) fez questão de twittar que odeia matemática e que não deveria se ensinar isso em escolas.

Primeiramente, vou deixar claro uma coisa que a maioria não nota: esse estudante brasileiro é só mais uma vítima do sugestionamento que ocorre desde sempre no Brasil. Qualquer reportagem em colégios têm a maldita pergunta "qual a matéria que você não gosta?" sendo feita para uma menina gordinha. E a resposta é sempre a mesma: Matemática.
Não perguntam qual a matéria favorita. E, mesmo que perguntassem, uma criança diria Educação Física ou Artes... Porque não têm o discernimento necessário para compreender a importância e a beleza da ciência-mor.
Bem, depois de sei-lá-eu-quanto-tempo doutrinando as crianças para que estas achem matemática ruim, as crianças já cresceram e não temos adultos que gostem de matemática.
Logo, não há quase professores que lecionem matemática com entusiasmo. Isso só alimenta o ciclo de ódio à ciência.

Mas eu não admito que alguém diga que NÃO GOSTA da matemática.

Entendam: não ter aptidão, não conseguir compreender, não ter paciência para os cálculos, capacidade de resolvê-los ou, simplesmente, preguiça com a matéria, não significa que ela seja ruim.
O que as pessoas que "não gostam" de matemática não enxergam é que essa ciência é a base para tudo a sua volta!
Da música à estação espacial, dos celulares ao site do google, desde o controle do tempo até o sistema financeiro que faz com que seu dinheiro valha alguma coisa.
Das leis da física, da química, da biologia... O alinhamento preciso do corte da roupa que você está usando, da construção da casa onde você mora, no conforto da sua cama, dos seus calçados, do seu carro... 

Foi quando nossa civilização parou de creditar tudo em Deus, e passou a querer comprovações reais do porquê das coisas acontecerem, que passamos a viver mais de 80 anos, em vez de menos de 30...

E tudo... TUDO! Desde a comprovação que um equipamento funciona ou não, até a eficiência de um remédio, técnica ou tratamento, dependem de estatísticas - ramo QUERIDO da Matemática - para que seja reconhecido como real, aprimorado ou, simplesmente, descartado.

Sim, a matemática é, em resumo, o balizador, o fiel da balança, que mede quem está certo e quem está errado.

Já dizia a matemática de Boole, e sua lógica binária.

Então, por favor, se queres blasfemar contra a Matemática, volte para as cavernas. Vá lascar pedras, fazer lanças, fogueiras e caçar sua comida. Vá ser um coletor de frutinhas que as árvores derem. Porque, sim, você ama a Matemática, pois - tenho convicção - não sabe mais viver sem as comodidades que ela te trouxe.


Att.
Arthur Tavares

"Quando a necessidade e a perfeição são inimigas, há algo errado."

Um comentário:

  1. Tive um professor de Matemática no terceiro ano científico do Colégio Rosário em Porto Alegre. Era laico. Espichava o dedo indicador direito quando falava. No primeiro dia de aula disse: "Sei que vocês não aprenderam nada até agora e ainda vão fazer vestibular" (eu fiz de engenharia). "Portanto, vamos começar do começo. Um mais um é igual a dois". E foi para o quadro e escreveu isso. A partir desse enunciado, ele foi adiante, passou da Aritmética para a Álgebra, os Conjuntos, a Trigonometria e chegou até os principíos do Calculo infinetesimal, tudo em dois semestres. Quando entrei na Engenharia da Ufrgs (deixei no primeiro ano, queria apenas provar que poderia passar no vestibular e que iria fazer jornalismo não por não ter capacidade) eu era o único da turma que sabia os fundamentos do Cálculo. Chamava-se Professor Dau. Os alunos se aterrorizavam com ele, pois reprovava mesmo (o apelidaram de A História de Um Homem Dau,paródia da música de sucesso da época). Tirei 3 na nota final, eu um cdf juramentado,minha pior nota, mas com pontos acumulados no ano passei. Até hoje lamento não ter aquele caderno. Aprendi com ele que não estudamos o que gostamos, conhecimento não é culinária. Estudamos principalmente o que nos traz mais dificuldades. Só assim faz sentido e gratifica. Belo post.

    ResponderExcluir