quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Liberté, Egalité, Fraternité

Estou fazendo esse post, na esperança de lembrar aos estúpidos de plantão como nossa sociedade chegou até aqui.

Vivemos, hoje, tempos de prosperidade que evoluem em progressões geométricas, não por acaso.
Por muito tempo, alguns seres humanos simplesmente achavam que, porque seus antepassados eram importantes, essa relevância passava para a próxima geração. Como se o valentão da escola fosse - para sempre - reconhecido por ser mais forte. Não o bastante, seu filho nascesse com a alcunha. E seus netos. E não importa qual a característica da descendência: caso um parente seu alcançasse a honra de ganhar um título, esse título era repassado, como herança.

Assim, criaram-se Imperadores.
Assim, os Imperadores viraram Reis.
Assim, os Reis criaram Condes.
Barões... Duques...

E o título designava a vida que você levaria, para todo o sempre.
Ao nascer "em berço esplêndido" você teria uma vida confortável para sempre. Não importam os seus talentos, habilidades, esforço pessoal ou trabalho exercido. Você não desceria da casta social onde você se encontra. E, para subir, você deveria ganhar o novo título, apenas, do Rei.

Sim, somente o Rei tinha poderes de mexer nas castas sociais, criando Nobres. (Para "descriar" algum nobre, somente matando, hehe.)

Bonito. Mas o que ocorria com quem não tinha sorte, e nascia nas camadas pobres da sociedade? Nada. Essas pessoas passavam a vida inteira trabalhando pesado e sem receber a devida recompensa por seus méritos. Por melhor que fosse o Artesão, por mais que vendesse bons objetos, ele jamais deixaria de ser um vassalo. Chega a ser ridículo quando você nota que os mais esforçados (e que, por consequência, ganhavam mais dinheiro), eram os mais taxados, justamente para permanecerem pobres.

Obviamente, como os poderosos eram apenas os "amigos do Rei", estes fechavam o seu grupinho, extorquiam a população com pesados e injustos impostos e, com todo esse dinheiro, financiavam gigantescos exércitos. A força do exército garantia a obediência dos vassalos e a soberania sobre o Reinado. Como esse grupo detinha todo o poder, ditava quaisquer regras que queria. Quando queria, aliás. Porque, na maioria dos casos, sempre foi mais fácil simplesmente não existirem direitos e julgar cada caso de acordo com o interesse pessoal.

Assim, não só impostos eram cobrados sem parâmetros, como o Rei e os nobres tinham direito de vida e morte sobre todos os vassalos.

Assistir com análise crítica: Coração Valente e Roobin Hood.

Sim, viver como vassalo era horrível, pois você não tinha garantia de nada, a não ser de trabalhar muito para sustentar todos os caprichos dos nobres aos quais você nasceu submetido.

Passou-se o tempo e, com a revolução industrial, esse modelo não se sustentou mais. A Burguesia nasceu. Pessoas que detinham dinheiro suficiente para não ser vassala, mas também não possuíam títulos de nobreza junto ao seu Rei. Essas pessoas se tornaram cada vez mais numerosas. E, com suas pequenas fortunas sendo criadas, seu poder foi aumentando cada vez mais. Sim, chegou um ponto em que os Reis tinham menos amigos para recolher os impostos que quisessem, do que a capacidade de produção de riquezas dos vassalos (que viraram burgueses, "habitantes do burgo", pessoas que saíram do campo e criaram vilarejos em volta dos castelos, promovendo produção de bens e serviços de maior valor agregado).

Mesmo com algum poder, os Burgueses continuavam à merce dos nobres. Suas fortunas corriam risco de serem confiscadas todos os dias. Seus negócios, fechados ou tomados. Serem sentenciados à morte sumariamente.

Claro que a situação não é boa. Qualquer um nesse estágio, tentaria melhorar sua situação.
Na França, essa "tentativa" alcançou êxito, e ficou marcada como REVOLUÇÃO FRANCESA.

Assistir com análise crítica: Os Miseráveis.

Não sabe o que foi a Revolução Francesa? Pare tudo e vá ler a respeito, idiota.

Aos que sabem o que foi, continuo dizendo que a primeira constituição foi formada, com base na Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Essa constituição acabava com os poderes plenos do Rei. Agora, a autoridade máxima, qualquer que fosse, deveria julgar os méritos das causas e agir conforme regras pré-estabelecidas, que todos teriam acesso. As infrações cometidas contra as regras pré-estabelecidas passaram a ser fixas e públicas, também. Assim, todos estariam submetidos às mesmas leis e saberiam, de antemão, o que aconteceria com alguém que as infringisse.

Essa mudança tirou totalmente os poderes do Rei e fez da nobreza um conceito morto. As pessoas, agora, estavam livres. Para ascender e descender por entre as castas sociais, de acordo com seus esforços pessoais. Os direitos e deveres de cada pessoa estavam assegurados.

Muita gente morreu para garantir isso.

Aliás, muita gente ainda morre. É imprescindível alertar que o mundo Árabe ainda não passou por esse processo. O vestígio que eles possuem de constituição é baseado, apenas, em livros sagrados de sua religião que, como todos sabem, podem ser interpretados de inúmeras maneiras.

Bem, escrevi esse texto inteiro porque fiquei chocado com essa notícia:

http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/01/preso-sem-provas-em-sp-passa-festas-de-fim-de-ano-longe-da-familia.html

Todos temos direitos assegurados. Um deles é de que somos inocentes até que se prove ao contrário. E o ônus da prova é do acusador. Você não pode ser punido porque outra pessoa "acha" que você fez algo errado. Essa outra pessoa deve mostrar (com provas concretas) que você infringiu uma lei. Só então você tem tempo para mostrar suas provas de que não infringiu. No final um juiz e/ou um juri decidem o caso, embasados nas provas mostradas por ambos lados.

Se quem acusa não tem provas, quem foi acusado não é punido.

Agora, ser acusado sem provas. Ser punido. Mesmo assim, apresentar provas incontestáveis da inocência E MESMO ASSIM CONTINUAR PUNIDO!

Desculpem, mas nosso país já passou do ponto da piada.
Não bastava termos julgado culpados os Nardoni (provavelmente são, mas as provas contra eles são CIRCUNSTANCIAIS! Ninguém provou que ambos mataram a Isabella!) ou estarmos mantendo o Goleiro Bruno preso (provavelmente é culpado, mas não há o corpo da amante dele. Logo, não há assassinato. Sem assassinato, como alguém pode estar sendo punido?), agora estamos prendendo qualquer um por "achismo".

O Brasil já passou do ponto da piada. Já estamos no ponto do desespero. Eu tenho medo de viver aqui, agora. vai saber quando vão entrar na minha casa e me prenderem, porque alguém supõe que eu fiz algo errado...

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